Será mais uma prova do despreparo patético da polícia brasileira esse episódio da morte da adolescente Eloá Cristina? Sim, eu creio.
Eu não estava lá e nem sei até que ponto posso acreditar no que os veículos de comunicação dizem (ou até mesmo no que dizem os envolvidos). Até onde é fatídico? Onde começa o puro deleite dos repórteres nas mais variadas e mórbidas sensações? E o "medo" dos envolvidos de dizerem algo que não corresponda àquilo que os espectadores querem ouvir?
Me pergunto:
Se não tivessem câmeras, flashs, jornalistas e tantos curiosos no local, será que o tal do Lindembergue teria mantido o espetáculo por tanto tempo? Sem contar a televisão ligada, 24h, dentro do apartamento, transmitindo flashs do espetáculo que ele protagonizava. E a polícia (querendo, a qualquer custo, mostrar um serviço e uma eficácia, que, notavelmente, não tinha), será que teria passado tanto tempo criando estratégias para um Grand Finale?
Temos o exemplo do que aconteceu em uma situação semelhante quando o jovem Sandro Nascimento, o "Mancha", sequestrou o ônibus 174, em 2000. Os policiais despreparados e desesperados com todo aquele circo, protelaram, protelaram, protelaram e protelaram. Montaram mil e uma estratégias (não puseram nenhuma em prática), "visando a integridade dos envolvidos", e deu no que deu: a refém foi morta. E o que é pior: por consequência de um erro policial.
Será que a situação lá no ABC Paulista não foi bem parecida? Como é que um grupo, teoricamente, treinado, especificamente - diga-se, para realizar operações especiais como aquela não tem meios para interromper a ação de um bandido, sendo que esse era o único dever que eles tinham?
Vamos considerar que a amiga de Eloá, Nayara, já disse à polícia, em seu segundo depoimento, que até o momento da invasão, o Lindembergue não havia feito nenhum disparo. E ela reafirmou isso, ontem, três vezes à reportagem do Fanástivo.
Ao que tudo indica, é bem possível que os tiros tenham sido reações desesperadas, assim como a do Sandro do "174", mediante a um ato inconsequente dos policiais. Um brasileiro que compõe a equipe da Inteligência Americana - CIA disse ao Fantástico, no domingo retrasado: "Eu estou com vergonha de ser brasileiro", reiterando sua conclusão de que a ação dos policiais foi equivocada.
O Grupo de Operações Táticas e Especiais, da PM de São Paulo, esperou a situação ficar crítica e irredutível para tomar uma atitude. Só funcionou no tranco. Nada de tática. Muito menos eficácia. E, menos ainda, especialidade.
Ação desesperada, despreparada e inconsequênte. Isso sim.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
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